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terça-feira, 1 de setembro de 2009

Corey Taylor no The Bruce Dickinson's Friday Rock Show



Hey, hey! Acorde! Aqui é Corey Taylor do Slipknot e você está ouvindo o Bruce Dickinson’s Friday Rock Show na 6 Music.

Nós surgimos na cena musical junto com outras bandas, você sabe. Na verdade eu me mudei para Denver quando o Slipknot estava sendo formado. E quando eu voltei, estava voltando com o Stone Sour. O Slipknot estava bem na fase inicial ainda. E eu me lembro de olhar para eles, cada um vindo de uma cidade diferente, e pensando “o que está acontecendo aqui?!”, sabe? E tinham tantos deles, eu digo, ainda tinham 7 pessoas na banda, eu não conseguia entender.

Quando eu entrei na banda, ainda estava tipo, juntando várias partes de Des Moines. E eu não sei se era bem um super grupo, mas eram as pessoas mais famintas que podiam estar numa banda, nós éramos os únicos que realmente tinham o espírito da coisa. E nós instintivamente sabíamos que tinha muito trabalho a fazer, e sabíamos que faríamos qualquer coisa por isso. E muitas pessoas desse ramo não entendem isso, mas nós conseguimos. Como músicos, nós estávamos atraídos juntos nisso, e foi uma escolha esperta. Quando estávamos fazendo nosso primeiro álbum, era só trabalho, trabalho e trabalho. E se não fossemos nós 9, não teríamos conseguido.

Você só pode ser faminto se você sair de um lugar onde é o centro dos mortos de fome. Realmente, grandes bandas são formadas pela necessidade disso. E nós tínhamos tanta vontade, que tiveram momentos que foram muito tensos. Então eu penso que uma banda como a nossa não poderia ter saído de outro lugar, a não ser Des Moines, entende? Tem tantos lugares como Omaha, ou Minneapolis, ou Chicago, mas nós viemos literalmente do meio do nada. Nove pessoas, dispostas a devorar a própria mãe para que tudo isso desse certo. E é estranho, pois eu converso com caras de várias outras bandas que vieram de lugares menores ainda e eles dizem que nos entendem.

É, eu digo, as máscaras são o que são. O que não fica bem explicado, é que se a música não fosse boa, a banda já teria ido pro saco a muito tempo. Você precisa ter todos esses elementos, e nós éramos interessantes o suficiente para isso, éramos artísticos o suficiente para nos expressarmos. Éramos talentosos o suficiente para compor boas músicas, estávamos dispostos a trabalhar e cortar nossos próprios braços para fazer tudo isso, então é só ir juntando todas essas coisas. E as máscaras, não eram para chamar a atenção, mas sim para podermos mergulhar completamente no nosso trabalho. A ferocidade estava sempre lá, mas quando as máscaras surgiram, já era um nível diferente.

É como se você estivesse se livrando de todos aqueles sentimentos que você reprime, como a civilização, a sociedade, todas essas drogas. É se deixar levar ao seu nível máximo. E tem algo libertador sobre isso. Todos sempre pensaram que nós estávamos presos nisso, mas é completamente o oposto. Sim, isso tudo é uma droga mas no final do dia, é tipo uma eliminação profunda de todas essas coisas. Você pode literalmente sentir isso se eliminando do seu corpo, e é maravilhoso; você pode ser aquela parte de si mesmo que você nunca admite para ninguém.

Cara, se eu tivesse que usar aquela máscara mais do que eu já uso, eu provavelmente ficaria louco, porque é muito nojento. E eu não posso lavá-la, se não eu ficaria surtando “ah, eu tirei toda a imundisse dela”, e quando você sobe no palco tem aqueles limpadores, e essas coisas estranhas, mas a minha é bem rústica. Se eu tivesse que usar por mais tempo aquilo eu já teria desistido faz tempo.

Em vários sentidos eu nunca achei que a gente fosse conseguir chegar no mainstream, mas nós simplesmente nos recusamos a tomar um ‘não’ como resposta. É como se disséssemos “Você vai gostar da gente!” e eles, “Ah, tudo bem, nós gostaremos de vocês!”. Eu sabia que nós iríamos ser uma banda grande, mas de um jeito diferente, tipo o The Melvins. Meio que fora de foco, mas aí nós conseguimos quebrar essa barreira. Eu fiquei pasmo.

Eu lembro de ter estar ouvindo a Purity, e eu fiquei tipo, ‘uau, isso é incrível’. Essa música saiu de uma outra chamada Despise, eu me lembro de ouvi-la e dizer, ‘nossa isso é muito obscuro, é lindo’. Foi aí quando eu realmente senti que nós estávamos indo para um caminho que nem pensávamos que fosse possível.

Aquilo estava ficando fora de controle, não era pra ter acontecido com a gente. Com todos os contras que tínhamos, com nove membros, uma banda de metal, naquela época, vindo de Iowa e usando máscaras, fazendo esse tipo de música... não era pra ter acontecido para nós. Mas talvez tivesse. E se eu pensar por muito tempo sobre isso, a minha cabeça explode, literalmente.

Não se engane. Não existe a Vila do Mr. Roger pro Slipknot. Sempre vai ter a parte feia, digamos. Ninguém nunca quer admitir que existe uma parte feia da sua genitália que você tem que limpar; isso é meio com o que eu comparo o Slipknot. Faz sentido pra mim, mas provavelmente pra mais ninguém. Sempre tem o lado escuro. Não importa o quanto vai se tornar bom, nunca vai deixar de ter essa outra parte. E eu estou muito feliz pelo tempo que passamos.

Tem dias que eu acordo de manhã, e sinto dores onde eu nunca imaginei que podia sentir dor. Eu acordo, e sinto alguma coisa estranha nas minhas costas e penso “ah, Slipknot”, meu Deus. Mas não importa o quanto isso seja ruim, eu nunca vou ser tão velho como o Clown, e é isso mesmo [risos].

A gente podia lançar um álbum com balões na capa, mas se soar como nós sempre soamos, as pessoas ficariam tipo, “Ah, é justo! Uma capa com balões, isso aí!” sabe? Desde que faça sentido pra gente, não há nada que nós não iremos fazer. Desde que saibamos que artisticamente e emocionalmente estamos fazendo algo que vale a pena, e em que acreditamos, não há estrada que não cruzaremos. E saber que a gente tem esse tipo de liberdade, é muito bom, te deixa mais forte. Não só como um artista, mas como um membro de uma banda. Saber que todos nós temos isso. Poderíamos fazer um álbum com quaisquer coisas, sendo nojentas, horripilantes e baixas, sabe? E assustar o mundo. E nós o faríamos, se nos fizesse sentido. Então, é como se isso não tivesse um teto, e é meio assustador em alguns sentidos. A última coisa que você quer fazer é dar liberdade pra uma banda como a nossa pra fazer o que quisermos. Mas nós fizemos isso por conta própria mesmo, de qualquer jeito.

Esse último um ano e meio tem sido tremendo pra banda. Álbum nº 1, o Download Festival... aquilo foi um dos melhores momentos pra mim. Entrar naquele palco, em 10 anos... nós estávamos muito ansiosos. Pois era um sonho. Eu lembro da minha época em que estava na escola, e ler sobre quando o Iron Maiden tocou lá, AC/DC, Metallica, eu digo, o nível das bandas que já tocaram lá. E a primeira coisa que eu vi quando entramos naquele palco, foi uma faixa gigantesca de algum fã que dizia “Finalmente Slipknot é a banda principal do Download Festival”, e aí eu pensei, ‘está tudo bem’. E quando você faz algo tão grande quanto isso, sempre tem aquele momento quando se pensa, ‘será que eu mereço isso?’ Mas nós entramos no palco, e eu vi aquela faixa. Nós merecemos aquilo. Valeu por cada gota de suor... nós merecemos. E até agora, o Download Festival foi o ponto máximo da minha carreira.

Nós ainda temos 2 semanas de turnê pelos Estados Unidos, e aí paramos pelo ciclo. Não parece, mas já passou um ano e meio. E já estamos fazendo umas demos para o Stone Sour, e está ficando muito bom. Está ficando muito mais obscuro do que os outros dois álbuns, e muito melódico. Vai ficar muito insano, mal posso esperar.

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